22 August 2009

X-BALL, O inicio.



Para quem não sabe...



X-ball faz este agosto sete anos de existência, o formato nasceu oficialmente em 2002 pelas mãos do Richmond Italia, na altura o "dono" da marca Diablo. Este formato estreou na décima segunda edição do INTERNATIONAL AMATEUR OPEN. Popularmente conhecido como Z.I.A.O. ou ZAP Open devido a ser chamado ZAP International Amateur Open durante muitas edições, em 2002 foi rebaptizado para Diablo International Amateur Open. A prova era uma das mais populares na media como torneio mais amador, onde se jogava grande parte da prova no mato, lutando contra a exclusiva predominância do airball e onde eram apresentadas as muitas novidades de material no meio do verão.
Em 2002 foi provavelmente uma das melhores provas, o promotor excluiu por completo os jogos no mato, devido ao crescimento de equipas e pessoas que vinham à prova teve de mudar de local, tornando a prova exclusiva em speedball, tanto airball como campos "concept", basicamente umas paletes de plástico. Junto com o evento houve exibições de BMX, a famosa festa de jogadores, conferências da indústria, a Spyder cup estava fundida com a prova (as equipas que ganhavam de spyder na mão recebiam dinheiro).

Morreu em 2004, salvo erro, por falência do grupo promotor (Team Effort Events), depois de uns escandalosos preços de bola e qualidade do evento em 2003.

Mas X-Ball nasceu e sobrevive com muitos cortes cosmésticos nos principais torneios de Paintball (PSP e MS) e na sua vertente original na liga North America Xtreme (NAX), que se divide nos ramos Americano (AXBL) e Canadiano (CXBL). Nesta primeira prova foi realizado para o teste um NATIONS CUP, era um tipo de torneio muitas vezes feito na brincadeira na Europa entre as possiveis e interessadas equipas ou conjunto de jogadores de vários paises. Há quem diga que foi invenção e créditos do PCO, com um comentário sarcástico pelo meio como tivesse sido uma ideia com segundas más intenções (consumo de bola, ou qualquer coisa)...

Para o IAO foram convidadas oito equipas para jogarem, mas antes definirem o que seriam as regras novas do formato, detalhes como o coaching na linha, etc. Foram inicialmente convidadas e preparado merchandizing para oito nações e acabou por comparecer uma diferente. Basicamente em vez da Dinamarca, veio a Alemanha para completar os oito convidados: USA, Canadá, França, Rússia, Suécia, Inglaterra, Alemanha e claro Portugal. Provavelmente foram convidados os Ugly Ducklings para representar a Dinamarca, mas em vez vieram uns Alemães, para mim anónimos.


A selecção nacional era composta pelo Tiago Coelho, Álvaro Mesquita e parece-me que uns representantes de PT que viviam nos States.

Se quiserem o
WARPIG tem um excelente report e video no PIGTV (Tourney_IAO02), com uma boa entrevista ao Sr. Italia e o jogo Alemanha contra os USA.

O vencedor, óbvio, foram os Americanos, frente aos Russos compostos pelos Russian Legion.
Mas há factos engraçados deste Nations Cup. Da prova nasceu mais tarde a NXL. Da equipa de Inglaterra nasceram os NEXUS, compostos por pessoal dos Rusher (equipa amadora Inglesa que dominava no MS no escalão amador e pela qual o Formiga jogou num prova "undercover" depois de um jogador deles se ter lesionado) e jogadores dos Banzai Bandits. A equipa de França era basicamente TonTons. Os Suecos eram os Joy e retiraram-se da prova por exaustão fisica dos jogadores ou a famosa e habitual birra do Magued (agora já habitual ao fim destes anos todos quando não corre para o lado deles). Os Canadianos eram basicamente jogadores de várias equipas americanas que não sentiram ou eram alguma ligação.

Depois desta prova e de uma outra demonstração no World Cup em 2002, já no recinto da Dysney, foi fundada a NXL para a temporada de 2003. O desejo e carteira do Sr. Italia eram mesmo grandes até 2005 para promover este seu novo conceito, engraçado ter pegado já desde 2007 agora como pegou num torneio "quase" regional (NAX), além de a PSP ter corrido o formato de 2004 a 2007 sem quase alterar.

Na Europa o formato pegou em 2003 como vários jogos de Nations Cup ao longo das provas do Millennium Series. Em Portugal em 2003, foi realizada uma liga de X-ball com apenas duas provas feitas de três programadas, uma na Exponor e outra no MegaCampo. Na Europa em 2004 foi feita a EXL (como já escrevi noutros posts).

Fora isto o formato original desvaneceu e progrediu para as versões lite, não admira, porque além do esforço fisico e a parte do espectador ter sido dado como o reforço de acção consequência, a realidade é que a conta da tinta era muito superior ao que as equipas estavam habituadas.

Jaime Menino

17 August 2009

Arbitragem Profissional - Philadelphia 2004

Hoje escrevo mais um capitulo da minha experiência enquanto profissional da arbitragem. A minha primeira prova a arbitrar profissionalmente na NXL, foi a prova da PSP N.E.O. em 2004. N.E.O. significa North East Open.
Na altura a PSP ainda estava dividida em NXL, X-ball com as suas várias categorias, 10 man, e algumas provas 5 man. O NEO neste ano, penso que era um regresso aquela zona dos EUA, foi num daqueles country clubs que só se vê nos filmes, onde não são admitidos as "gentinhas". Tinha um campo de golf enorme onde o circuito de golf profissional passava e uns campos de polo enormes. Eu não quero exagerar muito com o termo enorme, mas quem vai ou for aos EUA vê que não exagero com o enorme, tudo é feito à grande...

O local mesmo dito ficava a umas duas horas de estrada do aeroporto de Pittsburgh público.
Cheguei após umas 36 horas desde que tinha acordado em casa em Lisboa, e após ter feito uma das maiores jornadas com um voo de Lisboa para Amesterdão, Amesterdão para Newark, Newark para Pitsburgh. Enfim, cada vez mais provava o meu amor por esta aventura, estas viagens tornam-se mesmo muito longas e depois de ouvir três vezes seguidas todas as músicas do walkman, explorado todas as revistas de avião e adormecido ao som dos filmes de avião, não sobra muito mais para fazer.
Aterrei no destino final, tinha apenas dois números de telefone e como é óbvio não tinha praticamente método de contacto directo com alguém, num aeroporto deserto para o que estamos habituados. Fui apanhar a minha mala após tentar fazer telefonemas sem sucesso de uma cabine telefónica, e começo a traçar um plano mental, o normal pois já me tinha sucedido uma situação igual no Millennium na Noruega, ia apanhar um táxi para o local da prova ou pedir boleia a alguém que parecesse ser de paintball no aeroporto (coisa que desta vez nem havia).
Após apanhar a mala, aparece-me um fulano mais branco cal do que eu, como que à procura de alguém, não fui de vergonhas e ia-lhe perguntar se ele estava à minha procura, quando ele me perguntou antes se eu era o "Jamie". Primeiro pensamento: "aleluia, não estou apeado e perdido num aeroporto no meio do nada".
O individuo era o "CJ", um gajo super porreiro e com o qual trabalhei bastante nos três anos seguintes, super aproximável e super curioso com a minha experiência em viagem pelo resto do mundo que ele não conhecia. Fomos para o carro e fizemos uma viagem "pertinho" de duas horas ao som de Eminem (sim os gajos cor de cal na América são os que compram os albuns dele), onde falamos de várias cenas para chegarmos a um dos piores ou mesmo pior hotel onde já estive na minha vida.



Fiquei na cabana da foto que se dividia em três quartos, cozinha/hall, e wc com o "Fish" e o Nick, dois dos mais velhos e porreiraços, o primeiro trabalhava num bar, o segundo tirava fotos em shows de cães e jogava poker, ambos tinham uns dois metros e envergadura de um jogador de futebol americano. Fui cumprimentar todos, inclusivé os que já conhecia cá na Europa nos vários quartos e depois fui resolver a primeira situação no quarto. Despejar a água do acumulador que estava na casa de banho porque estava podre e eles não percebiam donde vinha o mau cheiro. Basicamente fui dormir sem tomar duche após uma viagem longa... Maravilha!

No dia a seguir lá me equipei com os trapos, chamo-lhes trapos, porque assim que cheguei ao campo a primeira cena que me aconteceu foi o CJ e o "Berger" (Agora árbitro na AXBL) levarem-me à DYE a pedido do Dan para levantar todo o material com que eles patrocinavam os árbitros, e foi basicamente tudo: Ténis, protecções, calças, luvas. Tudo novo e por estrear com cheiro a novo e borracha. Cheguei ao campo e deram-me as minhas quatro jerseys da NXL e umas indicações, e pelo meio o "Boogie" o responsável por me levar lá aos EUA, o árbitro que aparece em muitos videos de paintball de calções e bandana dos EUA na cabeça no lado da cobra, a apresentar-me todas aquelas caras e nomes que eu tinha visto nos videos, nos artigos e revistas... Do primeiro dia até ao último dia conheci TODA a gente, foi um apresentar constante de pessoas e nomes.

Conheci finalmente o "Bob" o chefe de campo, e no final do dia conheci o Mike Ratko (o comissário original da NXL). O Bob não era pera doce dava-se educadamente com todos os treinadores mas sem floreados e todos o respeitavam-no, talvez menos o Frank Connel na altura dos All Americans, esse não respeita ninguém. O Bob deu-me indicações claras dos poucos procedimentos que ele exigia cumpridos mas sobretudo ele funciona a limar as arestas. Erros ele não corrigia porque normalmente esses não aconteciam, se aconteciam era sinónimo que algum árbitro ia para casa mais cedo, e não estou a escrever por escrever eu vi isso acontecer várias vezes. Se algum dava problemas era colocado no aeroporto após passar pelo hotel para apanhar as suas coisas. Estavamos a arbitrar jogadores profissionais, muitos deles miudos bastante inteligentes com porte atlético, que nem se davam ao trabalho de tirar as etiquetas do material novo que recebiam, pois o material não durava tanto tempo tal era o esforço e desgaste que eles davam. Ao mínimo sinal de fraqueza de um árbitro exploravam isso para sua vantagem ou para vantagem da sua equipa passando a informação ao treinador. Alguns valiam-se da sua reputação para situações menos claras, outros vinham sempre dar os parabéns pelo trabalho feito, outros só quando o resultado lhes tinha sido favorável.
Para minha sorte mas na altura pensei em azar, esta prova foi a primeira com o ramping autorizado e legal. Nesse ano na prova em LA os Ironmen ficaram com quatro marcadores suspensos num jogo, e o comissário da NXL quis combater os marcadores cheios de batota.

(A foto é de 2004, mas do World Cup)

Os do Bob Long lideravam a corrida, seguidos pelas DM4 e Shockers. Por isso por um lado não tinha de andar a perseguir tantos marcadores, pois foi um factor pelo o qual fui reconhecido como o gajo para apanhar marcadores ilegais, e acreditem apanhei bastantes em todo lado, tanto na Europa como nos EUA. Por outro lado havia dez gajos armados com "metralhadoras" em campo que se riam sadistamente da sua nova capacidade de poder de fogo. O pior eram os Trauma que antes dos pontos começarem nos 7/8 segundos davam os primeiros tiros em semi contra a rede para começar o ramping logo, e rodavam os marcadores inicialmente apontados para o chão e rede/céu já a dispararem, uma autêntica anormalidade que só demonstrava a sua "agora" diminuta capacidade de fazer logo uma linha de pré tal tinha sido o seu uso abusivo de breakout modes no passado recente. Nesta prova ainda havia alguns artistas supostamente a jogar com semi em que se agarrava nos marcadores deles e não davam mais do que 12 bps, mas na mão deles parecia dar o dobro, caso dos Aftershock que faziam um mod nos Halos para darem mais de 50bps. Quem precisa de um halo a dar 50 bps?

Mas com a entrada dos radares de velocidade e o microfone de rate of fire, todos começaram foi a temer a "fat ball", a bola que passa dos 300 fps. As equipas com shockers e a do Bob Long começaram a baixar as suas velocidades para os 270 fps, pois era raro o jogo sem dois ou três marcadores a passarem os 300 fps no breakout. Enfim foi um mundo de novidades, para mim, e para os jogadores por causa das novas regras e sistema.

O horário da NXL era uma maravilha, tinhamos uns quatro ou cinco jogos diários (calendário - http://www.nxlpaintball.com/NXL%202004%20Schedule.pdf), o que permitia uns intervalos enormes para ver os stands, e os outros jogos.


Ver os Dynasty e outros a jogar X-Ball ao vivo, e os Russian Legion que tinham vindo experimentar a PSP e X-ball nos EUA com uma temporada a decorrer excelentemente na Europa. Na altura o head-marshal "Divisional" era o Rosie (treinador dos New York Xtreme) que nos pedia (árbitros da NXL) sempre que estavamos livres se podiamos ir dar uma mãozinha no campo de X-Ball divisional. O que causou que acabassemos por arbitrar muitos dos jogos divisionais. Foi na prova que os Russian Legion ganharam, e acho que ajudou a mostrar que o trabalho dos ábitros da NXL e da PSP seria suficientemente imparcial para uma equipa não americana jogar a tempo inteiro na PSP. Além do mais o dono dos RL, já andava a estudar todas equipas e jogos no campo da NXL nessa altura... Por isso tudo apontava que os RL iriam mesmo no ano seguinte (2005) jogar na NXL. Secalhar também tem estatisticas dos árbitros...

O trabalho no campo era simples, trabalhavamos em dupla, sempre dois a ver um jogador sempre que possivel. Um via o "interior" o outro o "exterior", usavamos o rádio para comunicar com o scoreboard, chamar a atenção a alguém, avisar de determinado jogador estar sujo, chamar alguma urgência, e claro nos timeouts gozar uns com os outros. A mim chamavam-me "Spanyard" (espanhol) toparam que não gostava daquela associação cliché de que Portugal era Espanha, então lá tinha eu que gramar. Nunca corrigiamos ninguém em voz alta ou sem ser em conferência de árbitros exclusivamente entre nós, com o compromisso de não voltar a cometer o erro. Mas como disse antes, eram mesmo muito raros os erros, e num formato como aquele, onde se jogava a tempo nunca vi nenhuma injustiça a prevalecer.

Não eramos arrogantes como alguns que arbitram pensam que se tem de ser, se havia dúvidas consultava-se a pessoa que o pessoal no campo sabia que tinha melhor conhecimento das regras. E sim nas provas que eu ia consultavam muitas vezes a mim, primeiro porque sabiam que tinha as regras comigo, depois porque sabiam que as tinha vindo a ler no avião de trás para a frente e frente para trás porque não tinha mais nada para fazer, cheguei a enviar e-mails a pedido do Mike Ratko com apontamentos de erros e contradições.

Enfim, assisti ao final do segundo ano desta liga espectacular criada com as melhores intenções para o desporto e que irá merecer também um post com toda a sua história. Já agora no final da prova eram coroados os vencedores das conferências e da Commissioner's Cup, (Do Warpig: "Going into the Northeast Open the Oakland Assassins had already secured the Western Conference title"; "Baltimore Trauma defeated Chicago Aftershock 11 to 7, and became the Eastern Conference champions"; "NXL Commissioner's Cup - Oakland Assassins"), mas só receberam as taças em Outubro pois as mesmas foram roubadas na prova mas mais tarde devolvidas.

No final da prova os que ficamos por lá porque apenas tinhamos voo no dia seguinte (basicamente eu e o Boogie) fomos jantar ao country club, mais uns elementos dos Diesel (uma equipa amadora na altura em ascensão), o jantar foi pago pelo dono dos Trauma, o milionário que pagou basicamente a conta de todo o restaurante naquela noite talvez porque era tudo pessoal de paintball.

No dia a seguir o Mike Ratko deu-me boleia para Pittsburgh, onde falamos bastante e me despedi até Outubro, logo no primeiro dia a arbitrar convidaram-me logo para o World Cup, era um sonho o qual não havia beliscão que me acordasse.

Jaime Menino

13 August 2009

OS MAIS... METE NOJOS

Hoje é dedicado ao que mais mete nojo (e meteu) em geral em alguns jogadores até mesmo vedetas de 2004/2005.

Como jogador e amante desta modalidade até ao momento há vários jogadores, pessoas e até acontecimentos, mas agora este post é sobre o que mais meteu nojo no meio PRO onde já convivi. Talvez num próximo aborde outras temáticas "nojentas" que habitam este nosso desporto, e sim haters posso também vos meter nojo, mas aí tem de se entender comigo tal e qual como o "Stewie", que odeia a sua mãe...


Em primeiro posto: Frank Connell, All Americans. Não fosse já o mais arrogante do circuito, o homem que ia para as provas gritar "the pain train is comming". Bonus-ball, overshooting, atropelos, batota, discutir e argumentar os argumentos dos mais parvos. Basta ver o "Sunday Drivers" para ver o anormal, é aquele jogador que faz festa quando um marcador falha no chronny de fim de jogo para ir a seguir a sua equipa e acontecer o mesmo. Acto mais mete nojo, e infelizmente um dos bastante praticados, disparar a um árbitro durante um jogo em acto de retaliação.


Em segundo posto: Jimmy Saraiva, Strange. Um dos menos conhecidos do meio mediático, mas provavelmente muita gente se recorda do baixinho dos strange que usava uma pala de neoprene a proteger a testa por cima da máscara. Um senhor fora de campo, mas um narcisista dentro, valia tudo até disparar em árbitros se estivessem a atrapalhar durante um check. Para quem não sabe ele também foi o percursor do destruir halos com a mão, ao pontapé e a atirar no chão. E cheguei a ouvir da boca dele, em conversa aberta que dentro de campo valia tudo, até árbitros. É uma boca recorrente mas que ele punha em prática vezes demais.


Por fim terceiro posto: Eric Dearman, All Americans. Convencido, tábua (como na gíria futebolista), simplesmente gregoriava-se vezes de mais de máscara, e o fiozinho do bling pendurado era costume usar em campo, tudo se resumia a um autêntico "mete-nojo".

Atenção, qualquer um destes foi ou ainda é um excelente jogador, apenas o seu porte e atitude não eram das melhores em campo, mas lá está sem estes os normais não se diferenciam, e sobretudo tinham muito para dar às suas equipas e trazer resultados no final do dia, e nisso todos eles eram aptos.

Jaime Menino