24 July 2009

Arbitragem Profissional - Noruega/Stokke 2004

O terceiro capitulo desta aventura espetacular, foi sobretudo uma viagem que deixou marcas positivas e negativas, é um dos destinos que mais gostaria de regressar, e este é dos poucos que não é pelo paintball mas só pela beleza das paisagens que vi do avião e no pouco que permaneci por lá.

Mais uma vez comprei o bilhete para o destino recomendado pelo Steve Morris, Sandefjord / Torp um aeroporto a sul de Oslo relativamente perto do local da prova em Stokke. Foi uma viagem com escala em Amesterdão para aterrar num aeroporto mais pequeno que o aeródromo de Tires.

O irónico disto é que deixaram de fazer provas do Millennium Series em Portugal em 2004 sendo um dos motivos determinantes o factor dos aeroportos que não tinham voos internacionais q.b.. Neste só faltava ter as vacas a pastar na pista perto de um terminal mais pequeno que o actual de voos internos do aeroporto de Lisboa.

Foi engraçado que quase todos "estrangeiros" da prova viemos no mesmo voo de ligação de Amesterdão o que deu um convivio engraçado... Os restantes estrangeiros vinham da Suécia e Oslo.

Depois do desembarque, era suposto alguém da organização local me vir buscar, mas ao ver todos os últimos jogadores abandonarem o terminal com as boleias e os táxis a abarrotar decidi que era altura de apanhar um táxi também. Pois ao fim de uma hora e bastante para variar tinham se esquecido da boleia e telefone nem atendiam. Era algo que me parecia estar a ganhar hábito, esquecerem-se dos planos combinados e esperarem que fosse cada um por si só. Sem dano, tinha vinte euros no bolso num país onde a moeda é a coroa, cheguei ao pé de um taxista, felizmente mais um país onde toda a gente fala inglês e bem, e disse-lhe (em inglês claro) com um mapa e morada na mão da prova: "tenho vinte euros, preciso de chegar aqui, dá?". Ao que ele respondeu afirmativo e lá me levou ao local da prova achando estranho eu pedir para sentar no lugar do pendura em vez de me querer sentar lá atrás. Em conversa com ele sobre o local percebi que estavamos numa estância balnear e campo da Noruega. Do ar, vi vários barcos, vários locais tipo praia e vários lagos, onde ele me disse que as únicas coisas que compensavam a água gelada, era o sol de verão e os seios de todas as mulheres que faziam topless (praticamente todas).

Chegando ao local da prova fui ter com o Adam (Presidente do MS) um pouco chateado pela falta de boleia do aeroporto, mais uma atitude onde já se começava a ver desleixo em coordenar o pessoal de arbitragem, isto porque as viagens de regresso para o aeroporto, assim que acabava a prova (em Paris e Amesterdão) eram por conta pessoal o que nos deixava um sabor amargo. Já não chegava a falta de apreciação por parte das equipas que perdiam, para na segunda-feira quando um gajo voltava se ter de amanhar... Afinal eramos um recurso que só servia para fazer boa figura nas horas da prova ou eramos uma mais valia?

No local da prova lá andei a engonhar a ver que ia ser uma prova dos "feijões" onde quase nem stands havia, com divisão atrás de divisão com poucas equipas e maior parte delas dos paises do norte da europa, isto fazia lembrar-me da Copa Ibérica, com algumas equipas a irem a esta prova fazer figura só para apanhar pontos. A EXL teve as suas oito equipas, com técnicamente os Joy Division , os Ignition e os Copenhagen Ducks a jogar em casa. A divisão de Open X-ball teve os Bullets e uma das primeiras vezes que o Oliver Lang jogou com eles. Também os Solid tiveram o Marcus Nielsen a jogar com eles. Já agora a melhor equipa europeia na divisão Open de X-ball ao longo desta temporada, foram os Powertrip (os vacas malhadas), que quase sempre estiveram presentes nas finais.

(O campo tinha três campos de airball e esta área)

Nesta prova conheci o Dan Fagan ( o elemento que faltou o ano passado ao curso de arbitragem da F.P.P. mas vem este ano ;) ). Um individuo que deu logo para ver pelo sotaque que era do midwest americano, e super sério mas divertido, o tipico gajo a constantemente "busting balls" (brincar sempre com ar sério). Isto porque quando ele fala sério, age de outra forma, aprendi isso depois de muita convivência... O Dan era e é o "gajo" na PSP, em 2004 era o comissário das regras no X-ball Divisional e era o Coordenador de árbitros da NXL (marcar viagens, carros, ordenados, equipamento, logistica), ele só não fazia juizos para dentro de campo, de resto ele tomava conta de praticamente tudo para que corresse bem, até controlava a zona de pit e equipas. Recentemente ao longo das temporadas até ao presente a tarefa de comissário ou "ultimate" em divisional foi para outra pessoa para se dividir os cargos.

Após as apresentações, conversa e reuniões da praxe lá fomos para o hotel, os quartos mais pequenos do mundo, mas o melhor chuveiro sem sombra de dúvida. O hotel para variar os dois hoteis de luxo que tivemos tanto em Paris como em Amesterdão, era um hotel de estrada tipico, aqueles como se vê a caminho de Madrid na Auto-Estrada. Ficamos lá nós e uns putos suecos que estavam a arbitrar por uma equipa (confuso mas habitual no MS).

(O quarto tinha este tamanho, com duas malas de paintball não tinhamos espaço para andar. Foto tirada da porta)

No dia seguinte fomos para campo, o Steve Morris colocou o Dan Fagan como chefe de campo no campo de Open X-Ball na Noruega, trabalho que ele fez sem problemas, também já era habitual este escalão não ter problemas, pois cada prova tinha praticamente equipas diferentes, fora uma ou outra.

Em EXL a história foi diferente, era a terceira prova das quatro, e as frustações das equipas começaram a sentir-se e a ouvir mais alto. Após a culpa dos resultados ser distribuida por tudo, passou a ser distribuida pela arbitragem. Grande parte das equipas já estava a jogar de forma agressiva sem propósito de resultados fora os que se portavam bem, basicamente os Russian Legion e os Joy, ambos tinham uma reputação e resultados a defender. Os London Tigers, Nexus e Shockwave estavam-se a borrifar para resultados na EXL pois foi nesta temporada em que estavam a apostar na NPPL e segurar um spot na divisão PRO. Por isso valia tudo.

O jogo dos Ducks vs Nexus foi um inferno, onde o Nick Trutter chegou a fazer um dead-man com sucesso, noutro ponto em que estava na box não saiu quando devia mas meteu o cano de fora e começou a disparar, e os dois gajos da cobra dos Nexus, um atrás do outro faziam run thrus "mais limpos" que os Ducks... Um barril de pólvora atirado para a fogueira pois toda a gente na Europa queria fazer calar o Robbo e a sua a equipa maravilha, sobretudo porque os Ducks estavam praticamente a jogar em casa.
Os Ducks, sendo dos gajos mais agressivos, perderam a cabeça e não gostando das penalizações após montes de confusão, e claro para ajudar tudo isto no final de sábado quando se jogava o último jogo, tiveram um jogador expulso pelo Boogie. Os avisos já tinham passado o razoável. Mas o melhor é que o próprio treinador também foi expulso, o "palhaço" do Nick Brockdorff e o jogador expulso foram para a rede continuar a insultar para dentro de campo todos os pontos, o que fez com que recebessem um aviso do Steve Morris se seria necessário chamar a segurança da prova ou policia para os remover do recinto.
Chegaram a haver ameaças e muitos mea culpas no final e desculpas após o sangue descer de temperatura, dois gajos que na minha modesta opinião tinham recebido uma suspensão de ano (Na NXL tinham levado nem chegavam às ameaças de "chinar" ninguém como foi neste caso), e bem merecida pois na prova seguinte voltaram a haver chatices mas isso fica para o episódio de "Londres 2004".
Tudo porque nos dumps "simultaneos" de cobra se um árbitro não vê especificamente um jogador a atingir primeiro tira os dois... Os Ducklings, super batoteiros onde era raro o jogo em que não perdiam enterrados em penalizações, estavam desesperados para mostrar resultados. É o que dá terem ganho uns lugares de destaque com jogadores dos Strange em 2003 em 7 man e contra equipas PRO americanas, cairam de muito alto. Sobretudo o X-ball era muito recente, especialmente na Europa, e as equipas ainda não tinham aprendido que a regra número um era/é evitar as penalizações.

Após a prova mais uma vez ganha pelos Russian Legion aos Joy Division, já se tornava hábito, ambos agradeceram no pódio à arbitragem pelo serviço prestado o que ao menos era um sinal de reconhecimento e mérito.



Acabando toda a cerimónia lá fomos nós para o outro local em Stokke reservado para dormirmos, isto porque o organizador local não tinha hotel marcado para nós de domingo para segunda-feira mas tinha uma casa (parecia a casa onde ele metia foragidos à lei).

O Boogie teve de partir no domingo ao final do dia, pois estava em pânico por não conseguir contactar a mulher que estava na Florida com um tornado a passar por lá, e ele estava preocupado com o telhado se ir embora com os ventos e pelo facto que as linhas telefónicas não estavam operacionais. Assentamos fomos jantar e fomos à players party (festa da salsicha) onde ainda deu para conversar com alguns dos Russian Legion e ver o Federov a dançar breakdancing...

Após a pior noite e dormida na segunda feira despedi-me do pessoal (Steve Morris, Dan e o Leon) quando me deixaram no aeroporto, pouco tempo antes do meu voo, mas onde afinal estive umas oito horas à espera pois o meu avião não chegou por avaria. Deram-nos cupões de comida e um voo super tarde para Amesterdão, hotel em Amesterdão e um voo para Lisboa na terça-feira. Os meus conhecidos da "ganza" ficaram com inveja de eu ir tanto a Amesterdão e não aproveitar, mas para mim foi um pesadelo de oito horas secantes e mais um dia em viagem que se vieram a tornar treino para as viagens seguintes...

Jaime Menino

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