14 May 2009

Arbitragem Profissional - MS Paris 2004


Poucos, ou apenas alguns sabem como e quando me lancei a arbitrar semi-profissionalmente. "Semi" sim porque não estamos a falar de rios de dinheiro. Foi uma forma de financiar a minha actividade neste desporto e até mais e uma excelente maneira de viajar e conhecer pessoas novas.


A minha vontade de contribuir nasceu em 2003 quando participei na minha primeira prova do MS, o MegaCampeonato em Lisboa, a última prova do Millennium Series em Portugal. Na altura achei que o trabalho prestado pelas equipas que arbitraram era bastante ineficaz em alguns aspectos, mas achei que um dos principais representantes ou comissário do MS era uma pessoal prestável educada e com boas ambições para o nosso desporto. Nas equipas que arbitravam por pontos via-se claramente que era um frete que tinha sido imposto. No Megacampeonato 2003 no campo principal arbitraram os, salvo erro, Takeover, uma equipa Finlandesa que até fez um trabalho moderado, mas por outro lado no campo da draxxus/x-ball, arbitraram os TonTon Acyd que até durante os jogos se penduravam no gradeamento a relaxar e a fumar droga. Noutra prova conforme contaram os Dynasty abitraram uma etapa do MS, sentadinhos em cadeiras. Em suma o trabalho de arbitragem era simplesmente uma obrigação cuja performance em campo nada reflectia na pontuação obtida no ranking. Regra geral apenas duas equipas recebiam louros na Europa por arbitrarem e bem: Os Joy Division, e os Russian Legion.

Em 2004 foi uma época de muitas mudanças no MS, a começar por apontar oficialmente um único comissário do MS (antigamente tinha vários responsáveis em prova, pelo menos era o que se percebia) para lidar com o departamento de arbitragem, Steve Morris, um americano que vive na Suécia, super parcial para as equipas desse país e para qualquer americano que viesse ao MS, os primeiros favorecia por defeito claramente sem querer, os outros perseguia por batoteiros.

Nessa temporada o board do MS e as principais equipas profissionais europeias, viraram-se para a NXL em forma de ligação com a criação da EXL, uma liga de X-ball Europeia, à semelhança da liga Americana, composta por oito equipas de topo que jogavam o formato puro de X-ball: Russian Legion, Joy Division, Tontons, London Tyger, Nexus, Shockwave, Ignition, Ugly Ducklings. Na EXL usou-se o sistema de finais todas as provas, na NXL tal sistema de finais em todas as provas só foi adoptado em 2006, até 2005 não havia finais nas provas, sem ser no World Cup, todas as equipas jogavam para cumprir "jornadas".

Com a criação da EXL com um forte suporte monetário da Draxxus (conta-se que o PCO é que sacou o cheque ao Richmond Italia para o formato dele ser instalado na Europa), o Steve Morris, visto não termos na Europa algo semelhante à P.R.O. Americana (um conjunto de árbitros profissionais nos EUA), anunciou a recruta de árbitros na Europa no fórum do P8ntballer, facto curioso é que também os Russian Legion tinham anunciado a recruta nos fóruns de jogadores, anúncio que respondi (o de arbitrar), pois achava que poderia dar um contributo válido para a construção do MS como um circuito Europeu de desporto de qualidade.

Após alguns e-mails, e pelo que sei uma verificação de credenciais junto do PCO pelo Steve Morris, fiquei de viagem marcada (paga do meu bolso) para Paris, para a primeira prova do Camp Masters como prova do MS, de X-ball e 7 man, na parte de batatal junto do parque de estacionamento que tem sido mais vezes utilizado para se fazer as provas de Paris. O ordenado na altura era de 100€ por dia, mais viagem com valor aproximado de 300€, hotel, almoço, despesas de transporte. Era bom e não tive de torcer o braço a ninguém para o obter... Tinha apenas o inconveniente de ter de pagar sempre a viagem à cabeça. Recebia o valor em contra entrega do recibo de viagem...

Fui para Paris, só tendo visto o Steve Morris uma vez à frente, e com a indicação de como ir do Aeroporto para a EuroDisney, que se diga que todas as provas que fui arbitrar foram uma aventura as viagens sobretudo entre os aeroportos e os locais de prova/hotel. Sobretudo porque ia sozinho, sem conhecer os locais.

Cheguei a Orly em Paris, apanhei o autocarro da Disney conforme me tinha indicado por e-mail o Steve Morris, saí no hotel de Newport, o mais próximo do local da prova e fui a pé com a minha mala da Planet de rodinhas, até à vila de Val d'Europe onde era o nosso hotel. Uma horita a pé debaixo de chuva molha parvos durante a qual perdi a conta às vezes que troquei de braço que puxava a mala, mas foram muitas. Agora recentemente fui ver no GoogleEarth que são cerca de 2,5 km que fiz debaixo da chuva a arrastar a mala.

Cheguei ao hotel e encontrei o Steve Morris na recepção, apresentei-me e após uma curta conversa fui colocar a maldita mala no quarto e fomos para o campo para as reuniões de árbitros e capitães.

Quando cheguei ao campo tive a maior desilusão com uma prova e eu nem ia jogar ia só arbitrar. O campo era um autêntico lamaçal, com erva por cortar, valas, vidros e pedras. As equipas da EXL, as poucas que se fizeram representar na reunião ameaçaram não jogar na prova, uma reclamação válida mas respondida com a promessa de qualidade que se verificou nas três provas seguintes de EXL. O falhanço ali era claro e tinha sido do organizador "local" não tinha o sitio preparado como outras provas.

Nessa temporada o MS teve oito provas, quatro de X-ball, e quatro de 7 Man. Alemanhã, Paris, Amesterdão, Toulouse, Noruega, Madrid, Londres, Malaga. Paris, Amesterdão, Noruega, Londres tiveram EXL, Open X-ball e Div 1 para baixo de 7 man , as outras quatro tiveram divisão Pro de 7 man, e pelo menos Malaga chegou a contar para o ranking da NPPL que nesse ano fechava no escalão PRO.

Partimos então para a primeira prova da European X-ball League. Foi fenomenal, pelo menos para alguns. Toda a arbitragem em campo da EXL, e todos os chefes de árbitros de todos os campos, pela primeira vez no MS eram contratados, não eram de equipas, e estavam a prestar serviço em troca de dinheiro. Uma profissão por assim dizer. Era super interessante no final do dia trocar histórias de penalizações e acontecimentos ao jantar onde às vezes trocavamos impressões de hematomas, como é óbvio os mais velhos ganham sempre com os brutos derrames, é um concurso que desaconselho a toda a gente (lol).
Os jogos foram aparentemente calmos com os destaques como os Russian Legion a se mostrarem como uma verdadeira legião de Paintball, os Nexus a mostrarem que a máquina publicitária que o Robbo tinha montado não era suficiente para produzir resultados em campo, os Joy Division e os seus "biónicos" atletas mataram-se fisicamente naquele campo lastimoso, os TonTons foram bonusbollados até à morte pelos Joy Division com tinta Hellfire pois o seu patrocinio da Tomahawk na altura era só para a figura, não saiam duas bolas inteiras seguidas do cano. As restantes equipas estavam só lá para fazer número aos oito e mesmo os Nexus, como antes disse só se safavam pela máquina publicitária.

Enfim, existe um DVD da prova, penso que a Estratego/JCT ainda tenha algumas cópias para venda, se quiserem ver deve ser provavelmente interessante. Nem que seja pelo contigente nacional a gritar pelos russos na final e a gritar para eu saltar!!! Que vergonha passei e sem ninguém de outra nação sequer compreender que o contigente nacional estava para ali a gritar...

Foi a minha primeira prova a arbitrar internacionalmente, lembro-me de muitas mais coisas em termos de jogos e "politica", mas fica para outro post, assim como as outras provas.

Destaques especiais, nesta prova conheci o Egi (DYE) e foi por esta altura que adquiri um par de olhos e board para a minha matrix. Lembro-me de estar à conversa com o Miguel Ferreira, Tiago Peixoto, partilhavamos interesse no tema matrix (marcador). E no final da prova apanhar os Metralhas a se aproveitarem dos descontos na cerveja no bar da prova.

Foto - Tirada pelo Ricardo Campo nas finais entre os Joy Division e os Russian Legion.
Jaime Menino

2 comments:

  1. Lembro-me de gritar para o Jaime Saltar e repetir várias vezes "Sam Da Vai!"

    Sam era o coach russo. Da Vai queria dizer força. Ou pelo menos eles disseram isso.

    Memoraveis essas finais. A performance da claque Portuguesa, o espanto dos russos porque nunca tinham tido claque nem vencido qualquer torneio e a invasão de campo no final.
    (Isso e as Timmys a espantar!)

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  2. Ricardo CampoS... AKA Paparazzi!

    Isto foi lindo, foi a minha pior participação de sempre numa prova do MS, a comida era carissima, os quartos igaul, a prova um nojo, o tempo uma porcaria... Mas agora passado 4 anos dou por bem emprege esse dinheiro, saber que te envergonhamos, coisa que nao entendo como é possivel, pois ninguem entendia nada do que diziamos!

    RUSSSSSSSSIAA!!

    Giro giro foi depois tirar a foto no final agarrados aos jogadores e staff dos RL. AHAHAHAHAH

    Anjix

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