21 May 2010

Retórica Semanal

À falta de tema para esta semana e com uma prova do Millennium Series a decorrer na bela Alemanha para talvez comentar depois, hoje fica um bocadinho de rant nacional.

O tema de hoje é dedicado ao "puritanismo paintboliano", que é uma nova onda que se começa cada vez mais a ver e a sentir. Por acaso consegui entrevistar um puritano em exclusivo para o blog, aqui vai

Blog: Mas o que se passa neste momento com tanta prova, tanto circuito e cada vez uma maior desagregação de equipas e desunião (umas jogam ali outras acolá), o que se ganha em alimentar todas estas novas competições?
Paintballer Puritano: Bem vindo a Portugal temos um campeonato nacional super caro e com prémios a sério só para quem ganha, vá se lá compreender, e provas em campos que se intitulam regionais, um inclusivé protagoniza-se como o principal circuito. Basicamente temos 48 provas assim contado por baixo, escolha é o que não falta.

B: E o que é feito da ambição das equipas de quererem jogar contra a melhor competitividade em vez de andarem a alimentar politica e feudos comerciais?
PP: O que eu gosto é de ser amigo do dono da loja, dá-me aquela sensação de quando vou ao restaurante da esquina ser atendido pelo criado que me conhece por nome e a minha familia, a seguir até pode cuspir no bife que ele recomendou eu comer que não me importo, eu sei que deve ter sido sem querer e ele é meu amigo.

B: Será que afinal estes "abraços comerciais" são tão perigosos ao ponto de uma equipa pensar que se fica sem o seu "abraço" que passa a ser um pária excomungado da sociedade?
PP: Só sei que eu não posso perder o patrocínio e deixar de ir ao "meu" circuito, não sei se me vou dar bem nas outras 42 provas em Portugal ou se vou conseguir sobreviver sozinho nesse mundo.

B: Será que este desporto é assim tão mais barato de se praticar como afinal alguns destes circuitos o fazem parecer?
PP: Se eu não cumpro o patrocinio e jogo naquele circuito, no ano a seguir pedem-me o mesmo preço pela caixa e não vou conseguir poupar 10€/ano a cada jogador da minha equipa, e ainda bem que é barato, eu não preciso de prémios nem me interessa o facto de nunca ver outra equipa à frente, aliás água mole em pedra dura...

B: E afinal o que se passa que alguns atletas na altura de serem atletas são clientes e na altura de serem clientes são atletas?
PP: Eu só digo mal quando me vão à carteira e posso falar sem prejudicar o patrocínio, aí sou cliente. Quando sou cliente e me dão estes privilégios de ir à prova deles, consumir bola com o material que comprei na loja, aí nem se pia, senão lá vai o patrocínio à vida. Já agora a minha bola é sempre a melhor.

B: Será que a ambição das equipas quererem evoluir, jogar contra os melhores, e serem os melhores no melhor ambiente competitivo passou para segundo plano?
PP: Primeiro tenho de ganhar pelo menos três vezes no escalão inferior, depois tenho de ganhar outras tantas no escalão seguinte, sempre que me "roubarem" dois jogadores digo que estou a reestruturar e logo esses anos não contam até voltar a ganhar.

Muito obrigado pelas respostas, boa sorte para o futuro.

Jaime Menino

1 comment:

  1. ahahahahah, do melhor até hoje... não sei se chega para ser o abre olhos... mas está escrito...


    Parabéns pela bela entrevista.

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